A busca por Pai Jorginho de Ogum

Era uma manhã de sexta feira. Eu estava em frente à casa de diversão noturna carnicentas. Iria pegar o Cão Leproso. Chorando, Marcão me entregou uma quantia em dinheiro coletada junto a funcionárias do estabelecimento. Um total de R$ 6,35 em moedas de cinco centavos, além de meia jujuba mastigada. Eu tenho horror a jujubas. O Cão Leproso entrou no carro. E assim, começavam as buscas pelo pai Jorginho de Ogum.

Partimos em um Gurgel branco rumo a Paranatinga, cidade onde pai Jorginho disse que iria tirar uma folga. Durante a viagem, meu único pensamento relevante era o de que o Cão Leproso seria um bom parceiro na busca. Por um motivo especifico. O de que ele não levava bagagens. Porque ele não usa roupas, e também não conseguiria carregar suas malas. Isso poupa um bom espaço.

Paranatinga continua a mesma cidade de sempre. Praticamente a filial do inferno no planeta Terra. É impossível se enxergar qualquer coisa, devido a poeira e a fumaça. Ao descer do carro, perguntei ao Cão Leproso se ele conseguia farejar alguma coisa. “Carne Moída”, ele respondeu. Provavelmente ele estava se auto-farejando. Percebi que as coisas seriam difíceis.

Fomos então apurar os fatos. Sentamos em um bar e o garçom nos ofereceu uma cerveja. Recusei, porque afinal, estamos em tempos de lei seca. O Cão pediu uma lata de água tônica, e teve uma dificuldade tremenda para pegar os canudos. Uma voz que vinha do fundo do bar não me era estranha, mas não a reconheci.

Conversei com alguns moradores, e nenhum deles se lembrava de pai Jorginho de Ogum. Comecei a duvidar de que ele realmente estivesse por lá. Até que o dono de uma farmácia veio falar comigo. Ofereceu-me aspirinas, e disse que atendeu pai Jorginho de Ogum. Segundo ele, o pai foi comprar caninha 21 em sua farmácia. Estranhei que uma farmácia vendesse cachaça. Ele me disse “This is Esparta! Digo, Paranatinga. Aqui não existem leis. Além do mais, a caninha 21 nada mais é, além álcool 70 diluído em água”. Finalmente tudo fazia sentido. O gosto horrível da caninha 21 tinha uma explicação.

Perguntei ao farmacêutico se ele sabia como a vodca balalaica era fabricada. Lágrimas correram pelo seu rosto, e ele se recusou a responder a pergunta sem a presença de seu advogado. Deixei esse assunto de lado e perguntei a ele o que ele sabia a mais sobre o pai Jorginho.

De acordo com ele, pai Jorginho foi seqüestrado por índios paranormais. É claro que eu não acreditei nessa história. Ameacei então atacá-lo com o cão leproso, caso ele não falasse a verdade. Provavelmente com medo de contrair hanseníase, ele resolveu me contar tudo.

O pai-de-santo estava envolvido com a polêmica gangue do tolete. A gangue que costumava defecar nos tanques de combustível de automóveis, e que em Paranatinga é responsável por um crime ainda mais terrível. Os membros da gangue participam de festas onde, drogas, Coca Cola, álcool, e gibis correm soltos. Quando todos estão dormindo, eles invadem os quartos e cagam nos cantos. No dia seguinte ao acordar, o morador da casa é submetido a um misto de terror e espanto, quando encontra toletes em todos os cômodos da residência.

Ele me alertou para que eu não mexesse com essa gangue. Mas eu precisava saber onde pai Jorginho de Ogum estava. Sem ele, o CH3 não tem sentido. Andando pela praça da cidade, descobri que haveria uma festa aquela noite. Fui até lá. A festa foi uma porcaria, é claro. Um telão passou clipes do crazy frog por horas. Às 3 da manhã, o dono da casa já estava em coma alcoólico depois de tomar uma garrafa de Ice. As pessoas dormiam espalhadas pelos cômodos da casa. Fui até o quarto, e então vejo um garoto de 14 anos cagando no canto.

Abordei-o. Ele começou a chorar e disse que não fazia parte da gangue do tolete. Perguntei a ele, porque eu iria imaginar isso, e então ele me confessou, que era o líder da gangue. Por ser o mais velho. Pensei então, que dificilmente pai Jorginho teria corrido algum risco com esses garotos. Perguntei a ele, por onde andava o pai-de-santo. Ele me respondeu logo, sem nem me dar a oportunidade de lhe fazer ameaças.

Pai Jorginho foi a uma festa, onde bêbado, acabou defecando no canto de um quarto. O dono da casa o viu, e chamou uns amigos para dar uma surra em Pai Jorginho. Mas, a surra não foi o suficiente para limpar a honra e o chão. Levaram pai Jorginho desacordado para trabalhar forçadamente na cidade de São Gabriel do Oeste, em Mato Grosso do Sul. Lembrei-me da cidade. Uma longa cidade, com poucos habitantes e muita chuva. Decidi-me então, que assim que o acordasse, seria a hora de continuar a busca pelo pai-de-santo, em outra cidade.

Comentários

Gressana disse…
Caramba!!! Então a gangue do tolete estava envolvida!!! Aveeee, esses sujeitos mentecaptos!!
Hahehaehaheahehaeha!!!
Quero ver onde essa busca vai dar.
J. Tomaz disse…
vc só se fode nessas buscas...
pq os outros integrantes do ch3 nao vao procurar tb????
Thiago Borges disse…
Vem muito tolete nessa história ainda hein...
Ainda bem que vocês voltaram inteiros, não que o Cão Leproso esteja inteiro né...
Gressana disse…
Eu não pude ir junto por motivos sexuais.